Os dias como eles são!

26.2.07

Para ti mano

Hoje deitei-me à hora de acordar para a missa primeira.
Vi o canteiro com a orvalhada de manhã e pensei na pequena flor que de lá brotava, como se me estivesse a desejar bom dia.
Subi para o meu regaço com o tal dardo espetado no sítio a que chama coração, aquele que falavas. Esse sangrava, de tal maneira que parecia os meus olhos quando choram à beira mar.
Já me sentei Jorge, na areia fria, refugiando-me na única solução dada pelo médico. Sabes, o sol não brilhava, estava cinzento o céu e o meu pensamento também estava enevoado.
Agora que me deito no meu leito, o tal que sempre foi meu, sorrio por ter tido oportunidade de uma vez mais me sentir perto de uma estrela e ao mesmo tempo tão terrestre tentando decifrar a palavra amor...
Com o tal dardo a fazer-me sangrar pelo menos sinto-me vivo.
Tenho orgulho!

14.2.07

Não consigo falar, nem tão pouco ouvir.
Vejo-te apenas.
Já não tenho dezoito anos e agora vou-me sentar na cadeira que em tempos era do meu avô. Não baloiça por ela mas sinto-me a percorrer tempos idos como se fosse uma criança a ouvi-lo contar histórias.
Sozinho com uma bebida na mão. Sem gelo, sempre.
Ás vezes sinto que tenho que sair do local habitual e percorrer as tuas histórias. Demasiadas vezes imaginadas por mim, como se fosse um amor platónico...
Agora vou colocar a mochila às costas novamente e voltar ao meu mundo. Real, com histórias de vida apenas minhas. Deixa-me apanhar o último comboio num suspiro retemperador de forças.

2.2.07

Faço baloiçar o meu olhar como se estivesse ao ritmo da música que passa na rádio.
Explode o vulcão que em mim trago. Aquele que me faz parecer uma pessoa que não sou.
Não te “atires” dessa forma, não me faças perder nos teus lábios, nem tão pouco me faças contrair o coração acelerado como se tivesse bebido de um líquido energético de uma qualquer lata.
Afinal o que sou eu para ti? Eu beijo-te a cara com sensações irreais.
Sempre a mesma chuva, sempre o mesmo vale de prédios amontoados mas um sentimento especial… não é usual, algo mudou.
Eu vim do nada e não sou nenhum milagre. Quero ser apenas uma canção, numa outra rua que não a minha, e, ter-te a ler uma história em surdina.
Ouço estes acordes da guitarra, imperceptíveis a muitos ouvidos desatentos. Amarro-me a clichés de um puto mimado e em cima de um palco imaginário danço só para ti.
Isto tem que parar. Estou embalado por uma música que não é a minha. Talvez louco, talvez maluco. A música ainda não parou e o eco transcende-me o pedido. Dá-me o resto dos lençóis e deixa-me aquecer te com o toque, cheirar o teu perfume e deixar de te ter pela fotografia!
Agora, olha-te ao espelho e vê se me vês… nem que seja perto do chão, num acorde que não é o teu, sempre à média luz.
Agora tem que parar ou…
Levas-me contigo?